Examestano associado a supressão ovariana no tratamento adjuvante em pacientes com câncer de mama na pré-menopausa: acompanhamento de longo prazo dos estudos combinados TEXT e SOFT

Atualizado em 26/04/2023

Olivia Pagani, MD1,2; Barbara A. Walley, MD3; Gini F. Fleming, MD4; Marco Colleoni, MD5; Istv´an L´ang, MD, PhD6,7; Henry L. Gomez, MD, PhD8,9; Carlo Tondini, MD10; Harold J. Burstein, MD, PhD11; Matthew P. Goetz, MD12 ; Eva M. Ciruelos, MD, PhD13; Vered Stearns,MD14;Herv´e R.Bonnefoi,MD15; SilvanaMartino,DO16; CharlesE.Geyer Jr,MD17; Claudio Chini,MD18; Fabio Puglisi, MD, PhD19; Simon Spazzapan, MD20; Thomas Ruhstaller, MD21; Eric P. Winer, MD22,11; Barbara Ruepp, PharmD23; Sherene Loi, MD, PhD24; Alan S. Coates, MD25; Richard D. Gelber, PhD26; Aron Goldhirsch, MD27,†; Meredith M. Regan, ScD28; and Prudence A. Francis, MD29,30;
for the SOFT and TEXT Investigators and the International Breast Cancer Study Group (a division of ETOP IBCSG Partners Foundation)
ascopubs.org/journal/jco 2022 Dec,15: DOI https://doi.org/10.1200/JCO.22.01064 

A combinação dos estudos SOFT e TEXT, permitiu a avaliação da Supressão da Função Ovariana (SFO) associado ao inibidor de aromatase (examestano) ou ao tamoxifeno (TAM) em mulheres na pré-menopausa com câncer de mama inicial e receptor hormonal positivo.

A análise após 9 anos de seguimento médio mostrou melhoras com uso de examestano+SFO versus tamoxifeno+SFO na sobrevida livre de doença (SLD) e intervalo livre de recorrência à distância (ILRD).

Este estudo enfoca os efeitos tardios de tratamento SOFT-TEXT de 12 anos sobre ILRD e sobrevida global (SG) e benefícios em mulheres com tumores negativos para HER2 e aquelas com alto risco de recidiva da doença.

O estudo foi realizado com 4.690 mulheres pré-menopausadas randomizadas entre novembro de 2003 e abril de 2011 para examestano+SFO ou tamoxifeno+SFO. A maioria dos pacientes (86%) apresentava tumores HER2 negativos. O seguimento médio foi de 13 anos.

Os resultados deste estudo indicam que o tratamento adjuvante com examestano em mulheres na pré-menopausa com câncer de mama inicial e receptor hormonal positivo com SFO resultou em melhoras significativas na SLD e no ILRD em comparação tamoxifeno+SFO. Além disso, o estudo mostrou que o benefício do examestano em relação ao tamoxifeno na SLD persistiu ao longo do tempo, com uma melhora absoluta de 4,6% em 12 anos.

No entanto, não houve diferença significativa na sobrevida global entre os grupos de tratamento. Embora o risco de morte tenha sido maior para as pacientes tratadas com examestano durante os primeiros cinco anos de seguimento, esse risco diminuiu com o tempo e, após 10 anos de seguimento, não houve diferença significativa entre os grupos de tratamento.

É importante ressaltar que a maioria das pacientes deste estudo apresentava tumores HER2 negativos (86% da população com intenção de tratamento), o que pode limitar a generalização dos resultados para mulheres com tumores HER2 positivos. Além disso, este estudo se concentrou apenas em mulheres pré-menopausadas que receberam supressão da função ovariana e não incluiu mulheres que não passaram por esse procedimento.

Na população com intenção de tratamento e Her2 negativo, em 12 anos, houve um aumento absoluto na SG de 2% no grupo examestano+SFO (HR=0,85 IC95 0,70-1,04) e 3,3% para aquelas que receberam quimioterapia (46% da população com intenção de tratamento), benefício de SG foi significante em pacientes de alto risco: < 35 anos (4%), tumor > 2 cm (4,5%) e grau 3 (5,5%).

No Estudo MonarchE ocorreu benefício significante com uso do Abemaciclib na SLD invasiva e ILRD. É desconhecido, no momento, se o impacto do Abemaciclib é independente da hormonioterapia intensificada nas pacientes pré-menopausadas ou teriam efeito sem a SFO.
Em conclusão, os dados de 13 anos de seguimento mostram redução sustentada de risco de recorrência com examestano+SFO versus TAM+SFO com maiores ganhos de desfechos em pacientes consideradas de alto risco clínico-patológico.
Lembrando que a intensificação do tratamento com hormonioterapia pode impactar na pior qualidade de vida e não aderência ao tratamento.


Autor(a)

Renata de Tassis Pares
Membro da comissão de Educação Continuada da SBM-SP

- Mastologista com residência de Mastologia no Hospital Pérola Byington e título de especialista em mastologia pela SBM. - Estágio em Cirurgia Mamária pelo Hospital Memorial Sloan Kettering Cancer Center nos EUA. - Preceptora de Mastologia da Faculdade de Medicina das Américas. - Mastologista dos Hospitais Santa Catarina e Oswaldo Cruz. - Trabalha com Imagem mamária nos laboratórios Salomão Zoppi e Isa.

Coautor(a)

Lincon Jo Mori
Coordenador da Comissão de Educação Continuada da SBM-SP

- Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP);
- Chefe de uma das Equipes Cirúrgicas da Residência de Mastologia e Médico Titular do Núcleo de Mastologia Hospital Sírio-Libânes.