Artigo (brief communication) publicado em 04 de abril de 2024 na npj Breast Cancer, que tem como primeiro autor o Dr. Paolo Tarantino. Trata-se de um estudo retrospectivo, utilizando a base de dados do SEER, com o objetivo de investigar o tratamento e sobrevida de pacientes tratadas de câncer de mama triplo negativo (TNBC), estádio IA (tumores até 2cm, com axila negativa confirmada na cirurgia upfront), entre 2010 e 2019. Vale lembrar com estádio IA representam em torno de 30% das pacientes com TNBC.

Entre as 8601 pacientes incluídas no estudo, 60,8% era T1C (entre 1 e 2cm), 70,1% eram alto grau, 61,6% receberam quimioterapia adjuvante e o seguimento médio para análise de sobrevida foi 48 meses. Apesar de as taxas de indicação de quimioterapia adjuvante para tumores T1mic e T1a terem permanecido estáveis entre 2010 e 2019, houve um aumento significativo na indicação para tumores T1b e T1c, chegando a > 60% e 70% respectivamente.

Na análise multivariada, os fatores associados a indicação de quimioterapia foram, idade < 50 anos, grau 3 e tamanho tumoral. Com relação a sobrevida específica por câncer de mama em 5 anos, pacientes que receberam quimioterapia tiveram menor mortalidade (HR 0,70; IC0,55-0,90; p=0,006). Os subgrupos T1mic, T1a e T1b apresentaram excelente sobrevida independente do tratamento sistêmico. Com relação aos tumores T1c, foram observadas 245 mortes (4,7%) no período avaliado, sendo que o grupo que recebeu quimioterapia apresentou melhor sobrevida (HR 0,64; IC0,48-0,85; p=0,02).

Os resultados apresentados, apesar de não serem novidade e apresentarem as limitações inerentes aos estudos retrospectivos, reforçam, em uma coorte considerável, o provável benefício em oferecer quimioterapia para TNBC acima de 1cm e estão em concordância com as recomendações do NCCN e do guideline mais recente da ESMO.