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Atualizado em 21/09/2023
DOI: 10.1200/JCO.23.00871 - Journal of Clinical Oncology, 01 de setembro de 2023.
A quimioterapia moderna tem contribuído para a redução na mortalidade por câncer de mama não metastático, e a realização das doses e ciclos completos são um importante fator para melhorar esses resultados.
Estudos observacionais têm demostrado que a prática de atividade física e dieta saudável também são associados a menor mortalidade por câncer de mama. Porém, na ocasião do diagnóstico, muitas pacientes referem baixos níveis de atividade física e dieta pouco saudável, os quais tendem a piorar com o início do tratamento.
O estudo LEANer foi um ensaio clínico randomizado de dois braços que comparou cuidado usual versus intervenção em nutrição e atividade física, avaliados após o término da quimioterapia. O desfecho primário foi a intensidade de dose relativa (RDI), que é a razão entre a dose administrada e a dose planejada. O desfecho secundário foi a resposta patológica completa (PCR).
Foram incluídas mulheres diagnosticadas com câncer de mama estádios I a III, com indicação de quimioterapia, capazes de caminhar, que referiam menos de 150 min de atividade física por semana e com ingesta inferior a 7 frutas ou vegetais por dia. As pacientes foram recrutadas entre 2018 e 2021 em dois centros americanos, Yale e Dana-Farber. Os questionários foram aplicados antes da randomização e após o término da quimioterapia.
O grupo intervenção foi estimulado a realizar ≥150min de atividade física moderada a vigorosa por semana ou ≥75 min de atividade vigorosa associados a treinamento resistido duas vezes por semana. As orientações nutricionais foram baseadas em uma dieta rica em vegetais, frutas e fibras, com redução de carnes vermelhas, comida processada e até uma dose de álcool por dia. O aconselhamento era realizado pessoalmente, por telefone ou por vídeo em sessões de 30 minutos.
Foram incluídas 173 mulheres, 87 delas alocadas no grupo intervenção e 86 no grupo controle. As características foram similares entre os grupos, com média de idade de 53 anos e IMC médio de 29Kg/m2. As pacientes aconselhadas reportaram aumento do volume de atividade física em 143min ± 119min/semana, comparados com 47 ± 99 min/semana no grupo controle. Além disso, 70% das pacientes do grupo intervenção reportaram treinamento de força durante a quimioterapia, versus 7% no grupo controle. O grupo intervenção também reportou aumento significativo no consumo de frutas e vegetais (p<0,01).
Não houve diferença na dose relativa entregue de quimioterapia entre os grupos. Entre as 72 mulheres que receberam neoadjuvância, o grupo intervenção apresentou taxas significativamente maiores de PCR (53%) versus 28% no grupo controle (p=0,37), principalmente no subtipo luminal. Baseados em estudos preliminares, os autores sugerem que o exercício físico pode alterar a expressão gênica em tumores de mama e reduzir a hipóxia no microambiente tumoral, facilitando a entrega da quimioterapia.
Porém, apesar dos achados interessantes com relação a maiores taxas de resposta completa nas pacientes do grupo atividade física, trata-se de um desfecho secundário em estudo preliminar e gerador de hipóteses, com dados colhidos em forma de questionários.
A recomendação mais atual da ASCO, publicada em 2022, é de que as pacientes pratiquem atividade física durante todo o tratamento, baseado nas evidências de melhora cardiorrespiratória, força, fatiga e qualidade de vida.
Recomendação de leitura:
Mastologista na Rede Brasil de Oncologia- Santa Casa de Ourinhos; Membro da Comissão de Educação Continuada da SBM-SP.