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Atualizado em 28/02/2022
Ao longo do tempo, a linfadenectomia axilar mostrou forte associação com complicações, como linfedema, parestesia e redução da qualidade de vida em pacientes com câncer de mama submetidas ao procedimento. Com os avanços da quimioterapia neoadjuvante e as excelentes respostas em pacientes que apresentavam axila clinicamente positiva no início, era esperado que houvesse um descalonamento da cirurgia axilar nessas mulheres.
A quimioterapia neoadjuvante é administrada com o objetivo de obter resposta patológica completa tanto na mama, quanto na axila. Estudos prospectivos e multi-institucionais avaliaram o emprego de biópsia de linfonodo sentinela em pacientes com axilas previamente positivas após a realização de quimioterapia neoadjuvante e apresentaram resultados satisfatórios quando a técnica era realizada de maneira adequada.
Um importante centro de tratamento de câncer de mama de Nova Iorque avaliou , de Novembro de 2013 a Julho de 2019, pacientes com tumores clinicamente T1 a T3 e axilas positivas comprovadas por biópsia. Tais pacientes receberam quimioterapia neoadjuvante com a intenção de reduzir o estadiamento axilar e, consequentemente, evitar a linfadenectomia. A avaliação não incluiu pacientes clinicamente T4 e N2 ou N3.
Após a quimioterapia neoadjuvante, as pacientes que obtiveram axilas clinicamente negativas eram elegíveis à biópsia de linfonodo sentinela. Entretanto, tal biópsia foi realizada com dupla marcação, corante azul de isosulfan e tecnécio-99m. A secção congelada dos linfonodos era realizada no intra-operatório. Foi definido como mapeamento adequado pacientes que apresentaram três ou mais linfonodos identificados.
No geral, 46% das pacientes alcançaram resposta patológica nodal completa. Destas, 41% tiveram mapeamento adequado, sendo visualizados 3 ou mais linfonodos, e foram capazes de evitar a linfadenectomia axilar. Essa omissão ocorreu em 20% das mulheres com receptor hormonal positivo e HER2 negativo, 44% nas triplo negativo, 55% em receptor hormonal positivo e HER2 positivo e 78% em receptor hormonal negativo e HER2 positivo.
Nos estudos SENTINA e ACOSOG Z1071, a identificação de 3 ou mais linfonodos após a quimioterapia neoadjuvante ocorreu em 34% e 57%, respectivamente. Já nesta série de pacientes a taxa de mapeamento adequado foi de 93%. Com técnicas cirúrgicas adequadas e padronizadas somadas a quimioterapias neoadjuvantes mais modernas, foi possível observar nesse estudo uma redução de mais de 40% na necessidade de linfadenectomia axilar.
Essa redução pôde ser vista em todos os subtipos tumorais.
Em suma, diversos estudos e pesquisas têm o mesmo propósito de buscar meios de reduzir a necessidade de linfadenectomia axilar, visto as altas taxas de linfedema e outras complicações inerentes ao procedimento. Quimioterapia neoadjuvante , boas técnicas cirúrgicas e patologia no intra-operatório mostram ser pontos fundamentais no processo de descalonamento da cirurgia axilar, a fim de atingir melhor qualidade para as pacientes.
Mastologista do Hospital Pérola Byington