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Atualizado em 29/08/2022
O mastologista é quem estuda, diagnostica e trata doenças da mama. Recebe os casos suspeitos ou com diagnóstico positivo para malignidade e faz o rastreamento de câncer de mama nas mulheres com história familiar ou mutação genética familiar.
Uma outra função do mastologista, que infelizmente não é rotina, mas de extrema importância, é avaliação das mamas antes de um procedimento cirúrgico estético para rastreamento do câncer e informações detalhadas sobre o impacto da cirurgia no aleitamento.
Em geral, as cirurgias estéticas são realizadas em mulheres que ainda não se incomodam com a amamentação e poucas pacientes em idade fértil solicitam informações sobre aleitamento antes de serem operadas.
O Brasil tem taxas reduzidas de aleitamento materno e é um dos líderes mundiais em número de procedimentos de cirurgia plástica realizados anualmente. A cirurgia para aumento das mamas (prótese mamária) tem sido um dos procedimentos mais comumente realizados, totalizando mais de 200 mil cirurgias por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Essa situação enfatiza a importância do apoio e do incentivo à amamentação, uma vez que essas mulheres têm maior probabilidade de desistir e realizar o desmame precoce por conta das maiores complicações que são comuns nessa população.
Diante desse cenário, recentemente, a Sociedade Brasileira de Mastologia criou uma Comissão de Aleitamento Materno com o objetivo de auxiliar as demais especialidades no manejo das intercorrências mamárias durante a amamentação, visando minimizar esse problema de Saúde Pública.
E qual a atuação do mastologista no aleitamento?
Hoje em dia, somos procurados apenas nos quadros graves de mastite com abscesso necessitando de internação para abordagem cirúrgica e também na dor persistente associada à amamentação, associada à lesão papilar e fissuras que não cicatrizam, ingurgitamento mamário (empedramento) de difícil abordagem, ou lesões da aréola como alergia, herpes, psoríase, candidíase entre outras.
É comum as lactantes chegarem ao consultório do mastologista dizendo: “Dra, desisti e preciso de uma medicação para secar o leite”. É fato que, atualmente, nós somos os últimos profissionais a serem procurados antes delas desistirem. Em muitos casos, durante a anamnese, detectamos que essa paciente, muitas vezes, não teve acesso a informações adequadas no pré-natal ou pós-parto e consequentemente medidas preventivas das possíveis intercorrências não foram realizadas.
As gestantes, muitas vezes, tomam a decisão de amamentar no início da gravidez, e muitas já decidiram se irão amamentar antes da concepção. Infelizmente, e invariavelmente, a intenção de amamentar ainda durante a gestação nem sempre se concretiza no pós-parto, com boa parte das puérperas abandonando a amamentação precocemente, muitas vezes em função das dificuldades oriundas das dores para amamentar ou da percepção de baixa produção láctea.
A gestante deve se atentar se o obstetra se preocupa com as mama durante o pré-natal, se fala sobre aleitamento. Caso negativo, ela pode procurar paralelamente vários profissionais que estejam engajados nessa caus. Pode ser o pediatra que irá acompanhar o bebê, a consultora indicada pelo obstetra ou o próprio mastologista especialista em amamentação, lembrando que a paciente deve checar se esse profissional se dedica ao aleitamento e não somente à prevenção e tratamento do câncer.
A importância na detecção dos cenários de risco e orientações preventivas evitam intercorrências, desmame precoce.
Na tabela abaixo, citamos os fatores de risco primários para a amamentação:
Falha na amamentação do filho anterior |
Mamilos planos ou invertidos |
Sinais de hipoplasia mamária (alteração anatômica) |
Obesidade |
Uso crônico de medicação ou suplemento |
Infertilidade |
Cirurgia mamária prévia ou trauma nas mamas |
Violência doméstica |
Diabetes/Diabetes gestacional |
Doenças da tireóide |
Síndrome de ovário policístico |
Síndrome metabólica |
Além das intervenções propostas, são recomendados encontros psicoeducativos para as famílias, orientação quanto aos riscos associados ao uso de bicos artificiais e comportamentos adotados durante a amamentação que possam prejudicar sua manutenção e duração.
Portanto, o sucesso do aleitamento materno depende da futura lactante ter acesso à informação de boa qualidade, começando pela consulta de aconselhamento pré-natal. No pós-parto, além da rede de apoio da família e amigos, o manejo precoce das intercorrências minimiza riscos, possibilitando a realização do sonho da maternidade de forma completa.
Obstetra e mastologista pela Irmandade da Santa Casa de São Paulo, Responsável pela Comissão de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP.