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Atualizado em 12/06/2020
A palavra mastectomia se origina da palavra grega “mastos”, que significa mama. Em 1894, William Hasteld descreveu a técnica de mastectomia radical que consistia na retirada de toda a pele, complexo aréolo-papilar, glândula mamária, músculos peitorais e linfonodos axilares, pois ele acreditava que quanto maior fosse a cirurgia maior seria a chance de cura das pacientes, por isso essa cirurgia permaneceu sendo o padrão ouro para o tratamento do câncer de mama por muitos anos.
Um dos estudo que permitiu o início da mudança do tratamento regional para uma cirurgia menos mutiladora foi o NSABP-04, esse estudo distribuiu aleatoriamente as pacientes com axila clinicamente negativa em mastectomia radical, mastectomia simples com irradiação do campo axilar ou mastectomia simples sem cirurgia axilar e dissecção axilar tardia somente se as metástases axilares se desenvolvessem clinicamente. Ficou comprovado que a sobrevida era a mesma em todos os grupos. O estudo italiano Milan 1 também avaliou mastectomia à “Halsted” comparando-se com a quadrantectomia identificando que o intervalo livre de doença foi semelhante em ambos grupos.
Além disso, com a evolução dos exames de rastreamento do câncer de mama, atualmente os tumores são detectados mais precocemente e com o surgimento de novos tratamentos sistêmicos, a cirurgia de mastectomia nos últimos anos sofreu uma grande evolução, surgindo as mastectomias poupadoras de pele e de complexo aréolo-papilar.
1) MASTECTOMIA RADICAL MODIFICADA
A incisão convencional consiste em um fuso horizontal (incisão de Stewart). O procedimento inclui a remoção total da glândula mamária, com dissecção superior até a borda inferior da clavícula, inferior até o sulco inframamário, medial até a borda do esterno e lateral até o músculo grande dorsal. O limite posterior de dissecção é a fáscia do músculo peitoral.
• POR QUE REALIZAR A INCISÃO TRANSVERSAL?
Porque a incisão vertical apresenta maior taxa de necrose cutânea.
• E QUAL A ESPESSURA IDEAL DO RETALHO?
A espessura do retalho deve resultar na remoção de todo o parênquima mamário, com a preservação da gordura subcutânea e da vascularização superficial, diminuindo consequentemente o risco de necrose. Ele geralmente mede cerca de 5 mm.
2) MASTECTOMIA POUPADORA DE PELE = SKIN-SPARING MASTECTOMY
A técnica consiste na retirada de toda glândula e o complexo aréolo-papilar, usando a pele que sobrou para fazer a reconstrução mamária. Utiliza-se pequenas incisões ao redor do mamilo, como demonstrado na figura abaixo:
a. Periareolar b. Periareolar elíptica c. Periareolar com extensão inferior d. Periareolar com extensão lateral
3) MASTECTOMIA POUPADORA DE MAMILO E ARÉOLA = NIPPLE-SPARING MASTECTOMY
Nessa técnica além de poupar a pele, há também preservação do complexo aréolo-papilar, esta técnica está se tornando cada vez mais popular já que possui excelentes resultados cosméticos, além do tratamento oncológico adequado. A figura abaixo mostra as principais incisões:
Nessa técnica há necessidade da avaliação pelo patologista no intra-operatório da margem retroareolar, pois sabe-se que pode existir o comprometimento oculto do mamilo com câncer de mama de 5% a 58%, sendo que os principais fatores que contribuem para esse comprometimento é o tamanho do tumor e câncer de mama HER 2 positivo.
ENTÃO QUAL TÉCNINCA DEVO UTILIZAR?
Não existe uma única resposta, devemos sempre individualizar nosso tratamento!
Mas, atenção: presença de comprometimento do complexo aréolo-papilar é uma contraindicação absoluta para mastectomia poupadora de mamilo e aréola, assim como os tumores de estádio 3 e 4.
Sub-Investigadora do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Pérola Byington